Histórias de dependência do jogo: quando o entretenimento se transforma em compulsão

O jogo existe há milênios e parece ser uma atividade inata ao ser humano. Desde os tempos antigos, as pessoas apostam em tudo, desde eventos esportivos até jogos de cartas e dados. Hoje, com a popularização dos cassinos e das apostas online, jogar tornou-se mais fácil do que nunca. Embora a maioria das pessoas possa desfrutar do jogo como uma forma de entretenimento, algumas desenvolvem uma dependência do jogo que pode ter consequências devastadoras em suas vidas.

No Brasil, os jogos de azar são proibidos desde os anos 1940, mas muitos brasileiros ainda encontram maneiras de jogar em cassinos clandestinos, bingos ou em sites de apostas online que operam fora do país. Essas opções ilegais tornam difícil saber quantas pessoas sofrem de dependência do jogo no Brasil. No entanto, é sabido que o jogo é uma doença que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Para entender melhor essa questão, apresentamos a seguir algumas histórias reais de pessoas que desenvolveram uma dependência do jogo e como isso afetou suas vidas.

Exemplo 1: O jogador que perdeu tudo

João trabalhou duro durante anos para construir sua empresa. Ele era um empresário bem-sucedido e tinha uma família feliz. No entanto, quando conheceu um grupo de amigos que jogava em cassinos, ele se viu atraído pela emoção do jogo. No início, ele jogava apenas algumas vezes por semana como uma forma de se divertir, mas em pouco tempo seu jogo se transformou em uma compulsão. Eu comecei a mentir para minha esposa sobre onde eu estava e quanto dinheiro eu estava gastando, lembra João. Eu não conseguia parar de jogar. Eu acreditava que em algum momento tinha que ganhar, que tudo seria resolvido com uma grande vitória.

No entanto, a grande vitória nunca veio. João perdeu tudo o que tinha, incluindo sua empresa e sua casa. Ele se separou de sua esposa e sua família ficou abalada. Eu só percebi o estrago que havia feito quando não tinha mais nada, diz João. Eu entrei em depressão e pensei em tirar minha própria vida. Foi aí que decidi procurar ajuda.

Hoje, João está em recuperação e luta para reconstruir sua vida. Ele sabe que nunca poderá jogar novamente e alerta outras pessoas sobre os perigos do jogo compulsivo.

Exemplo 2: A mulher que viu o jogo destruir sua família

Carla era uma dona de casa dedicada e mãe de dois filhos. No entanto, quando ela descobriu os jogos de bingo online, se viu seduzida pelo jogo. Ela começou a gastar horas jogando e a usar o dinheiro da família para financiar suas apostas. Eu não conseguia parar, lembra Carla. Eu me sentia viva quando jogava, mas depois vinha a vergonha e a culpa.

A dependência do jogo de Carla não apenas afetou sua vida, mas também a de sua família. Seu marido e seus filhos ficaram preocupados com as finanças da família e o comportamento de Carla. Eu me sentia traído e enganado, diz o marido de Carla. Eu não sabia o que fazer para ajudá-la.

No entanto, Carla finalmente procurou ajuda quando a dívida se tornou insustentável. Ela passou por uma terapia e hoje está em recuperação, mas a família ainda está lidando com as consequências de sua dependência do jogo. Eu perdi a confiança da minha família e agora estou trabalhando para reconstruí-la novamente, diz Carla.

Exemplo 3: O jovem viciado em apostas esportivas

Paulo era um estudante universitário talentoso e bem-sucedido. Ele gostava de assistir a jogos de futebol e, eventualmente, começou a fazer apostas em jogos de futebol online. No início, ele ganhava algumas apostas e ficava feliz em receber um dinheiro extra, mas logo se tornou viciado em apostas esportivas. Ele passava horas pesquisando e fazendo apostas, às vezes perdendo todo o dinheiro que tinha. Eu pensava que sabia tudo sobre futebol e que poderia ganhar muito dinheiro, diz Paulo. Mas acabei perdendo tudo o que tinha e acumulando dívidas.

Paulo demorou a perceber que sua compulsão por apostas esportivas estava afetando sua vida acadêmica e suas finanças. Ele se escondia em seu quarto e passava horas fazendo apostas, perdendo aulas e compromissos. Eu estava indo para um caminho perigoso, diz Paulo. Eu sabia que precisava parar, mas não conseguia.

Finalmente, Paulo procurou ajuda depois de atingir o fundo do poço. Ele parou de fazer apostas e procurou terapia para lidar com sua dependência do jogo. Hoje, ele está em recuperação e aprendeu a gerenciar suas finanças e seu tempo. Eu não posso jogar novamente, diz Paulo. Mas agora eu sei como era importante encontrar outras formas de me divertir.

Essas histórias mostram o impacto devastador que a dependência do jogo pode ter na vida de uma pessoa. Ela pode levar à perda de empregos, relacionamentos e até mesmo à falência financeira. O jogo pode ser uma forma divertida de passar o tempo, mas quando se torna uma compulsão, é importante procurar ajuda profissional. A recuperação é possível, mas a prevenção é sempre melhor do que a cura.